quarta-feira, 18 de abril de 2012

Elogie do jeito certo



Publicado na Coluna Bem Viver do Jornal Estado de Minas

“ Antônio  Roberto, como devemos educar nossos filhos? Nunca sei se devo elogiá-los e nem como devo passar para eles valores  para que sejam pessoas melhores no mundo de hoje".

Roseane de Betim

Caiu em minhas mãos este texto de Marcos Meier* que achei excelente e que todas a mães deveriam ler, por achá-lo interessante vou colocá-lo na íntegra.

Recentemente um grupo de crianças pequenas passou um teste muito interessante. Psicólogos propuseram uma tarefa de média dificuldade, mas que as crianças executariam sem grandes problemas. Todas conseguiram terminar a tarefa depois de certo tempo. Em seguida, foram dividas em dois grupos. O grupo A foi elogiado quanto à inteligência. “Uau, como você é inteligente!”,  “Que esperta é você!”,  “Menino, que orgulho de ver o quanto você é genial!”  ... e outros elogios à capacidade da criança. O grupo B foi elogiado quanto ao esforço. “Menina, gostei de ver o quanto você se dedicou na tarefa! , “Menino, que legal ter visto o seu esforço”, “Uau, que persistência  você mostrou. Tentou, tentou, até conseguir, muito bem!...  e outros elogios relacionados ao trabalho realizado e não à criança em si.

Depois dessa fase, uma nova tarefa de dificuldade equivalente à primeira foi proposta aos dois grupos de crianças. Elas não eram obrigadas a cumprir a tarefa, podiam escolher se queriam ou não, sem qualquer tipo de conseqüência.  As respostas das crianças surpreenderam. A grande maioria das crianças do grupo A simplesmente recusou a segunda tarefa. As crianças não queriam tentar. Por outro lado, quase todas as crianças do grupo B aceitaram tentar. Não recusaram a nova tarefa. A explicação é simples e nos ajuda a compreender como elogiar nossos filhos e nossos alunos.

O ser humano foge de experiências que possam ser desagradáveis. As crianças  “inteligentes” não querem o sentimento de frustração de não conseguir realizar uma tarefa, pois isso pode modificar a imagem que os adultos têm delas.  “Se eu não conseguir, eles não vão mais dizer que sou inteligente”. As  “esforçadas” não ficam com medo de tentar, pois mesmo que não consigam é o esforço que será elogiado. Nós sabemos de muitos casos de jovens considerados inteligentes não passarem no vestibular, enquanto aqueles jovens “médios” obterem a vitória. Os inteligentes confiaram demais em sua capacidade e  deixaram de se preparar adequadamente. Os outros sabiam que se não tivessem um excelente preparo não seriam aprovados e, justamente por isso, estudaram mais, resolveram mais exercícios, leram e se aprofundaram melhor em cada uma das disciplinas.

No entanto, isso não é tudo. Além dos conteúdos escolares, nossos filhos precisam aprender valores, princípios e ética. Precisam respeitar diferenças, lutar contra o preconceito, adquirir hábitos saudáveis e construir amizades sólidas. Não se consegue nada disso por meio de elogios frágeis. Isso se faz com elogios, feedbacks e incentivos ao comportamento esperado. Nossos  filhos precisam ouvir frases como:  “Que bom que você o ajudou, você tem bom coração”,  “parabéns meu filho por ter dito a verdade apesar de estar com medo... você é ético,  “filha, fiquei orgulhoso de você ter dado atenção  àquela menina nova ao invés de tê-la excluído como algumas colegas fizeram... Você é solidária” , “isso mesmo meu filho, deixar seu primo brincar com seu videogame foi muito legal, você é um bom amigo”.  Elogios desse tipo estão fundamentados em ações reais e reforçam o comportamento da criança que tenderá a repeti-los. Isso não é “tática” paterna, é incentivo real.

Por outro lado, elogiar superficialidades é uma tendência atual.  “Que linda você é amor”, “acho você muito esperto meu filho”, “Como você é charmoso”, “que cabelo lindo”, “seus olhos  são tão bonitos”.  Elogios como esses não estão baseados em fatos, nem em comportamentos, nem em atitudes. São apenas impressões e interpretações dos adultos. Em breve, crianças como essas estarão fazendo chantagens emocionais, birras, manhas e “charminhos”. Quando  adultos, não terão desenvolvido resistência à frustração e a fragilidade emocional estará presente.

Homens e mulheres de personalidade forte e saudável são como carvalhos que crescem nas encostas das montanhas. Os ventos não os derrubam, pois cresceram na presença deles.  São frondosos, copas grandes e o verde de suas folhas mostra vigor, pois se alimentaram da terra fértil. Que nossos filhos recebam o vento e a terra adubada por nossa postura firme e carinhosa.

*MARCOS MEIER  é mestre em Educação, psicólogo, escritor e palestrante.

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