Publicado na Coluna Bem Viver do
Jornal Estado de Minas
“ Antônio Roberto, como devemos
educar nossos filhos? Nunca sei se devo elogiá-los e nem como devo passar para
eles valores para que sejam pessoas
melhores no mundo de hoje".
Roseane de Betim
Caiu em minhas mãos este texto de
Marcos Meier* que achei excelente e que todas a mães deveriam ler, por achá-lo
interessante vou colocá-lo na íntegra.
Recentemente um grupo de crianças
pequenas passou um teste muito interessante. Psicólogos propuseram uma tarefa
de média dificuldade, mas que as crianças executariam sem grandes problemas.
Todas conseguiram terminar a tarefa depois de certo tempo. Em seguida, foram
dividas em dois grupos. O grupo A foi elogiado quanto à inteligência. “Uau, como
você é inteligente!”, “Que esperta é
você!”, “Menino, que orgulho de ver o
quanto você é genial!” ... e outros
elogios à capacidade da criança. O grupo B foi elogiado quanto ao esforço.
“Menina, gostei de ver o quanto você se dedicou na tarefa! , “Menino, que legal
ter visto o seu esforço”, “Uau, que persistência você mostrou. Tentou, tentou, até conseguir,
muito bem!... e outros elogios
relacionados ao trabalho realizado e não à criança em si.
Depois dessa fase, uma nova
tarefa de dificuldade equivalente à primeira foi proposta aos dois grupos de
crianças. Elas não eram obrigadas a cumprir a tarefa, podiam escolher se
queriam ou não, sem qualquer tipo de conseqüência. As respostas das crianças surpreenderam. A
grande maioria das crianças do grupo A simplesmente recusou a segunda tarefa.
As crianças não queriam tentar. Por outro lado, quase todas as crianças do
grupo B aceitaram tentar. Não recusaram a nova tarefa. A explicação é simples e
nos ajuda a compreender como elogiar nossos filhos e nossos alunos.
O ser humano foge de experiências
que possam ser desagradáveis. As crianças
“inteligentes” não querem o sentimento de frustração de não conseguir
realizar uma tarefa, pois isso pode modificar a imagem que os adultos têm
delas. “Se eu não conseguir, eles não
vão mais dizer que sou inteligente”. As
“esforçadas” não ficam com medo de tentar, pois mesmo que não consigam é
o esforço que será elogiado. Nós sabemos de muitos casos de jovens considerados
inteligentes não passarem no vestibular, enquanto aqueles jovens “médios”
obterem a vitória. Os inteligentes confiaram demais em sua capacidade e deixaram de se preparar adequadamente. Os
outros sabiam que se não tivessem um excelente preparo não seriam aprovados e,
justamente por isso, estudaram mais, resolveram mais exercícios, leram e se
aprofundaram melhor em cada uma das disciplinas.
No entanto, isso não é tudo. Além
dos conteúdos escolares, nossos filhos precisam aprender valores, princípios e
ética. Precisam respeitar diferenças, lutar contra o preconceito, adquirir
hábitos saudáveis e construir amizades sólidas. Não se consegue nada disso por
meio de elogios frágeis. Isso se faz com elogios, feedbacks e incentivos ao
comportamento esperado. Nossos filhos
precisam ouvir frases como: “Que bom que
você o ajudou, você tem bom coração”,
“parabéns meu filho por ter dito a verdade apesar de estar com medo...
você é ético, “filha, fiquei orgulhoso
de você ter dado atenção àquela menina
nova ao invés de tê-la excluído como algumas colegas fizeram... Você é
solidária” , “isso mesmo meu filho, deixar seu primo brincar com seu videogame
foi muito legal, você é um bom amigo”. Elogios desse tipo estão fundamentados em
ações reais e reforçam o comportamento da criança que tenderá a repeti-los.
Isso não é “tática” paterna, é incentivo real.
Por outro lado, elogiar
superficialidades é uma tendência atual.
“Que linda você é amor”, “acho você muito esperto meu filho”, “Como você
é charmoso”, “que cabelo lindo”, “seus olhos
são tão bonitos”. Elogios como
esses não estão baseados em fatos, nem em comportamentos, nem em atitudes. São
apenas impressões e interpretações dos adultos. Em breve, crianças como essas
estarão fazendo chantagens emocionais, birras, manhas e “charminhos”. Quando adultos, não terão desenvolvido resistência à
frustração e a fragilidade emocional estará presente.
Homens e mulheres de
personalidade forte e saudável são como carvalhos que crescem nas encostas das
montanhas. Os ventos não os derrubam, pois cresceram na presença deles. São frondosos, copas grandes e o verde de
suas folhas mostra vigor, pois se alimentaram da terra fértil. Que nossos
filhos recebam o vento e a terra adubada por nossa postura firme e carinhosa.
*MARCOS MEIER é mestre em Educação, psicólogo, escritor e
palestrante.
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